27.4.12

viradacultural-loudonaldson-mccoy-toots



Dos quase cem palcos da inspiradíssima programação da Virada Cultural de SP (dias 6 e 7 de maio), dois deles, praça da República e Júlio Prestes, terão o fino da música black e por baixo dez apresentações imperdíveis com figurões internacionais do afrobeat, highlife, reggae, jazz e soul para virar a noite e voltar correndo no dia seguinte. Blog abre hoje miniguia com seis discos clássicos para ir entrando no clima. Abaixo, os primeiros três álbuns: começa com soul-jazz e fecha com reggae roots; na outra semana, mais três para regressiva antes das apresentações. E nas playlists entram também mais faixas clássicas dos discos que ficaram fora do top 6.

Praça da República
McCoy Tyner Quartet, 19h (dia 5)
Lou Donaldson, 21h30 (dia 5)

Praça Júlio Prestes
Toots and the Maytals, 13h (dia 6): CANCELADO 


>> playlist 




Lou Donaldson – Blues Walk (1963)

A Blue Note resgatou em seus catálogos dos anos 60 e 70 a nata do funky-soul-jazz em uma coletânea primorosa de três álbuns batizada de Blue Break Beats lançada entre 1993 e 1999São ao todo 52 pérolas de nomes como John Patton (1935-2002), Grant Green (1931-79), Donald Byrd, Reuben Wilson, todos inspiração para o movimento acid jazz dos anos 90 com Jazzmatazz, Digable Planets e US3. Desse grupo de cracaços do groove, o saxofonista Lou Donaldson é um dos poucos que segue na ativa, com incríveis 86 anos. Autor de clássicos como ‘Turtle Walk’ e ‘Everything I do Gonna be Funky’, o americano é certeza de showzaço na Virada Cultural tocando logo após o pianista ex-John Coltrane, McCoy Tyner, às 21h30, na Praça da República. 

Donaldson começou carreira tocando clarinete e ganhou status de band leader da Blue Note logo que chegou a NY já como saxofonista. Participou do primeiríssimo show de Art Blakey, com Clifford Brown e Horace Silver, que seria precursor do Jazz Messengers. Tocou ainda com pesos pesados como Thelonious Monk, Milt Jackson e Jimmy Smith. ‘Blues Walk’, de 1963, é seu disco mais clássico e marca a passagem de Donaldson da sua fase bebop, inspirada em Charlie Parker, para um som mais lento, blues e smoothy que antecipava o soul-jazz anos 70. ‘Não importa o que estou tocando, sempre procuro o groove. E de uma maneira ou de outra, sempre acho’. 

Mais discos clássicos: Lou Takes Off (1957), LD+3 (1959), Good Gracious (1963), Blue Break Beats (93-99), The Lost Grooves (1995).

Abaixo, Lou Donaldson em ação em Nova York com Jimmy Smith e Kenny Burrell. Demais, showzaço, imperdível. 




McCoy Tyner – The Real McCoy (1967)

Acompanhar John Coltrane definitivamente era desafio para poucos. Nascido na Filadélfia, em 1938, McCoy Tyner foi entre 1960 e 1965 o pianista oficial de Coltrane em discos emblemáticos que marcariam a história do jazz como 'A Love Supreme'. Contemporâneo e quase vizinho da lenda Bud Powell e considerado um dos músicos mais influentes dos últimos 50 anos, Tyner não só foi um pianista inspirador para Coltrane como construiu sólida carreira solo sempre reinventando seu estilo de toques pesados e fluidos ao mesmo tempo. Completando em 2012 nada menos que 60 anos do seu disco de estreia, ‘Inception’, Tyner tocou com nomes como Ike e Tina Turner, dividiu palco com Sonny Rollins e Stephane Grappell, e gravou dezenas de álbuns como band leader, quase um a cada dois anos sempre frequentando o ranking dos mais tocados do jazz. 

'The Real McCoy', de 1967, serve como porta de entrada para conhecer um músico com domínio completo do piano e muito bem acompanhado por John Henderson no sax, Ron Carter no baixo e o baterista Elvin Jones (ex-companheiro dos tempos de Coltrane). McCoy continua hoje em plena forma tocando constantemente em festivais de jazz pelo mundo e produzindo muito. Nos últimos cinco anos, foram quatro discos. Na playlist, faixas também de ‘A Love Supreme’ e de outro clássico, ‘Expansions’, disco de Tyner de 1968 com Wayne Shorter no sax. 

Veja abaixo McCoy Tyner esbanjando categoria tocando Thelonious Monk e depois no quarteto de John Coltrane. 





Toots and the Maytals – Pressure Drop: The Definitive Collection (2005)

Toots and the Maytals têm tanta história na Jamaica que basta dizer que foram os primeiros a usar a palavra reggae em um título de música. Figuras centrais no ska, foram também pioneiros ao emplacar hits nos EUA e Europa antes do fenômemo Bob Marley. Do trio que começou em 1963 só o vocalista Frederick 'Toots' Hibbert continua na ativa fazendo shows. O grupo original se desfez no começo dos anos 80. A coletânea 'Pressure Drop' traz a banda no auge, focando no período de 1967 a 1972, passando por todas suas melhores faixas, de ‘Do the Raggay’ e '54-46 That's My Number' (referência ao número de Toots na prisão, nos anos 60, após flagra com drogas) a tesouros da história do reggae como 'Monkey Man', 'Funky Kingston', 'Pomp and Pride', 'Time Tough' e a própria ‘Pressure Drop’, trilha do filme 'The Harder they Come'. 

Com vozeirão soul e presença de palco marcante, Toots segue tocando os clássicos do grupo em carreira solo com os New Maytals e também lançando discos bem sucedidos. Em 2005, 'True Love', gravado em parceria com Eric Clapton, The Roots e Ben Harper, ganhou Grammy de melhor álbum de reggae; em 2008, Toots teve outra indicação com 'Light Your Light'. Ouça na playlist as melhores de 'Pressure Drop' e também as novas versões de 'True Love'. Abaixo, '54-46' em show lotado na França em 2009.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...